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QUE EVANGELHO É ESTE?
Os evangélicos brasileiros se gabam em razão do seguimento ter ganhado visibilidade em todo o contexto sócio-cultural nacional, havendo penetrado em todas as camadas sociais, representando hoje, aproximadamente 20% da população.
Já não são apenas empregados, há considerável número de patrões; são muitos militares, também oficiais no alto comando das forças armadas.
Nos altos escalões da Administração Pública lá são vistos conduzindo os destinos da Nação. No Executivo estadual e federal eles aparecem em grande número, até unidades da federação foram e hoje algumas são governadas por eles, inclusive, o País, embora num momento triste da história, foi governado por um deles.
É quase impossível nos parlamentos, de norte ao sul, leste ou oeste, não ser encontrado alguém com a marca do cristianismo.
Na Magistratura e Ministério Público, instituições tradicionais que somente se ingressa por disputadíssimos concursos públicos, eles não se intimidaram e com brilho e capacidade ímpar ingressaram nessas estruturas tão compactas, alguns são reconhecidamente brilhantes professores de direito, ciência ali predominante.
Não se pode negar o avanço do seguimento cristão evangélico nas instituições nacionais, todavia, a que serve tal avanço? Apenas para satisfazer o ego evangélico?
Parece mesmo paradoxal que um País que tenha alcançado esse inequívoco avanço, de outro modo não tenha implementado radical mudança, como efetivo resultado por conta de tal avanço, seja na diminuição da miséria, corrupção, violência, etc.
É verdade que na última década, segundo demonstram os dados com as últimas pesquisas de institutos de estatísticas, tenha se experimentado alguns avanços nesses números, porém, por conta de ações governamentais e não propriamente em razão do impulso do cristianismo.
Diante de tal constatação ficam aqui muitas indagações como as que abaixo seguem:
Que evangelho é este que penetra as camadas sociais, mas não abala suas estruturas por completo?
Que evangelho é este que invade os parlamentos nacionais, mas as leis dali oriundas não produzem efetiva justiça social de forma a atender um antigo clamor?
Que evangelho é este que fortalece as denominações, mas divide cada vez mais o Corpo de Cristo?
Que evangelho é este que sob os argumentos de “reino de Deus” torna seus ministros cada vez mais poderosos, de tal forma que perdem as referências de servos, tornando-se grandes celebridades, quase vice-deuses?
Que evangelho é este que já não tem saudades do lugar de sua origem, porque edifica grandes monumentos como se fossem eternamente ser neles inseridos e a fé já não tem nenhuma importância em suas ações, no dia a dia?
Que evangelho é este que já não reverencia seus idealizadores, porquanto se dobra aos enganosos apelos publicitários, fazendo compelir pela ganância e no afã de agradar uma sociedade extravagante, pendularia, busca a todo custo adquirir bens e produtos abençoados, porque isto tem a ver com os salvos e faz parte da verdadeira salvação, segundo o deus deste século (mamon) e seus pastores?
Que evangelho é este que não estimula o desejo de voltar ao seu lugar de origem, estando hoje encravado neste mundo, onde o sonho de realização é fator preponderante de sobrevivência numa sociedade de visão cientifica e relativa, onde Deus é visto apenas de forma teórica ou como religião de todos os cristãos, sem diferença, persistindo, contudo, intensa disputa entre denominações acerca da noiva?
Que evangelho é este que formou uma igreja cheia de equívocos, cujos pastores são ávidos pelo poder político, que os levou a abandonar a dependência de Deus, não sabendo que um se opõe ao outro e o poder inerente a Ele já não tem a menor importância, não é mais objeto do desejo?
Que evangelho é este que já não reverencia seus heróis da fé, porquanto já alcançou a supremacia do conhecimento, galgando a auto-suficiência, os heróis são apenas memoriais de um passado que pouco ou quase nada mais importa.
Que evangelho é este que não mais faz derreter o coração pela ausência de Deus como fazia Davi; não se angustia por sua debilidade de entendimento do Senhor, antes se deleita em tudo que amealha e o Todo-Poderoso já não é lembrado, diferentemente de José quando Ele mudou sua sorte no Egito?
Que evangelho é este que passadas as lágrimas e chegada à vitória, não se sabe o que fazer com ela e nem a quem atribuí-la; que faz esquecer Daquele que pela manhã faz mudar as lágrimas em riso, as trevas em luz? Vitória que para José, em seus dias de Egito pode ser de tal forma grato que, para não ter perdida a lembrança de que o Seu Deus o fez prosperar sobre todos e em tempos difíceis, deu a um de seus filhos o nome Efraim (Gn. 41:52) para fazer lembrar de que o Todo Poderoso o fez vitorioso nos momentos de grandes aflições. Vitória que para Josué era memorial inesquecível, porque veio por mão Dele a abençoada Canaã, terra prometida.
Que evangelho é este que se propôs ganhar o mundo, mas não se deu conta de que a glória deste foi fator de embriaguez e conseqüente perdição, porquanto fez tomar outro rumo e não consegue tornar ao caminho?
Que evangelho é este que acena com a humildade de Cristo, como umas das principais marcas daqueles que são chamados para ser filho de Deus, mas, lamentavelmente, formou uma igreja absolutamente equivocada, com inclinação para as grandezas deste século, onde tudo tem um quê de grandeza, são os grandes eventos, grandes concentrações, grandes e suntuosos “templos”, grandes “homens de Deus”, com “grandes mensagens” que são vendidas como se fossem poderosos amuletos?
Que evangelho é este que se propôs a ganhar e abençoar as famílias da terra, mas as suas próprias estão perdidas nesse enorme labirinto social e humano das santas e baratas negociações, onde se é possível testemunhar prisões superlotadas de filhos de cristãos e o pior, na sua grande maioria, de obreiros, notadamente, pastores;
Que evangelho é este que por longos anos conduziu a noiva na esperança e paciência, a aguardar e se guardar para seu amado, cantando-O em prosa e verso, reverenciado com paixão, carinho e temor, porém, fez perder a beleza e expectativa de quem vai ao altar, tornou o cheiro suave e doce de quem por muito tempo fez o mundo se apaixonar pelo noivo, por desagradável odor que faz ser o noivo indesejável?
Que evangelho é este que faz esquecer que a nossa esperança está em Sua volta e nesta a alma não mais debruça a esperar a alva, porque a noite tenebrosa se alonga; nem se assenta à sombra à espera do frescor dos ares da tarde, como experimentou Abraão nos carvalhais de Manre, ao assentar-se à porta de sua tenda a aguardar os anjos que vinham lhe reanimar a promessa outrora feita por Deus; mas isso também não tem mais importância, é apenas mais um daqueles detalhes do cristianismo, história que nossos pais, com alegria de quem havia esperança e lábios ungidos nos contaram, mas que agora soa como coisa de crente antiquado, quase ridículo.
Que evangelho é este onde os pobres do povo escolhido são preteridos em detrimentos dos poderosos, pois, para uma sociedade pujante, que se transformou e teve seus valores modificados, aqueles não têm tanta importância, servem apenas como números, o que importa mesmo é aquilo que enche os olhos e dá prazer à alma;
Que evangelho é este que não se logra discernir o papel da igreja, que se mistura de tal modo com esta geração que perde sua forma e característica fundamental?
Que evangelho é este onde não se verifica mais o exame das escrituras, importando muito mais a palavra dos apóstolos deste século e das suas grandes celebridades, porque eles sabem de toda a verdade?
Que evangelho é este que já não sabe identificar e nem separar o que é absoluto do relativo, o santo do profano, da noiva prudente e imprudente, que não mais se importa com os princípios do Pai, responsável pela formação de seus filhos e norteadores do “caminho”, por onde os imundos não podem passar?
Perdoa-nos Senhor por essa igreja; perdoa-nos Senhor por nossa ambição desenfreada, perdoa-nos por nossos olhos que não consegue enxergar o Rei da Glória, na sua simplicidade.
Perdoa-nos Senhor por ter-nos desviado do nosso rumo e não ter vigiado quanto à glória deste mundo; arranca de lá as nossas perversas raízes, porquanto se aprofundaram de tal maneira que as nossas forças não são suficientes para rompê-las.
Queremos voltar… ajuda-nos a voltar ao caminho, Senhor.
Enviado por José Carlos de Andrade Silva